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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Visita de estudo a Lisboa



No dia vinte e dois do mês de janeiro de dois mil e catorze, realizou-se uma visita de estudo, para os alunos do quinto ano das duas escolas do Agrupamento, a Lisboa.
A hora de partida de cada escola foi às sete horas e trinta minutos e fomos de autocarro. Da nossa escola partiram dois autocarros e da escola de Vilarinho do Bairro, que também é do nosso Agrupamento de Escolas, partiu outro. No total éramos cento e cinquenta alunos e dezasseis professores.
Como chegámos a Lisboa, à zona de Belém, cerca das onze horas, só fomos ao Mosteiro dos Jerónimos, que é do século XVI. Foi mandado construir pelo rei D. Manuel I, para comemorar o descobrimento do caminho marítimo para a Índia. Vimos lá os túmulos de Vasco da Gama e do maior escritor português, Luís Vaz de Camões, que escreveu «Os Lusíadas». O Mosteiro dos Jerónimos é dos monumentos mais bonitos de Portugal, no estilo manuelino, com as colunas e portais trabalhados em pedras com cordas, algas e outros motivos marítimos.
Também apreciámos a beleza dos claustros do Mosteiro.
Depois fomos almoçar aos Jardins de Belém.
Seguidamente fomos ao Teatro Politeama, onde assistimos à peça musical «Robin dos Bosques», de Filipe La Féria. Foi fantástico! Foi inesquecível!
Regressámos à escola cerca das dezanove horas, muito felizes e cheios de boas recordações.

Os alunos do 5º C da Escola Básica nº 2 de Anadia

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Olá vento!


     
A nossa redação foi informada que hoje é o dia do aniversário do Luís Pêgo. Foi pura coincidência termos publicado a sua carta neste dia.
A Equipa d'O Ciclista deseja-te um dia cheio de tudo o que desejares, junto daqueles que te são mais queridos. Passa um dia com alegria, amor e muito, mas muito feliz!
Parabéns!

A Equipa d'O Ciclista



domingo, 26 de janeiro de 2014

André Gomes Rodrigues


No dia 17 de janeiro o nosso Agrupamento ficou mais pobre, com a perda brutal de um dos seus alunos.
O André Gomes Rodrigues de 18 anos, aluno do 12º ano da turma E da Escola Básica e Secundária de Anadia, frequentava o Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades.
A Equipa d'O Ciclista apresenta aos familiares, amigos e colegas do André as sentidas condolências.

Equipa d’O Ciclista

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dia Mundial da Liberdade

23 de janeiro de 2014
O desejo da pequena era apenas liberdade
O desejo da pequena era apenas liberdade:
E lá estava Carolina, os seus pés delicados pisavam a relva verde do lindo jardim de uma casa abandonada de dois andares, no alto de uma pequena planície afastada da cidade. Flores de várias espécies cresciam de uma forma desordenada no jardim cheio de dentes-de-leão, que era a planta que a rapariga mais gostava…
A garota aparentava ter uns dezanove anos, olhos cor de mel que se assemelhavam ao mel colhido das abelhas, usava um vestido branco de alcinhas que mal chegava aos joelhos! Era tão leve que flutuava com o vento, assim como o seu cabelo liso, muito belo, cor de oiro cheio de mechas que ia até metade das costas.
Sentou-se preguiçosamente no tapete natural, olhou ao redor e pegou num dente-de-leão.
Observou-o por algum tempo, fechou os olhos e soprou-o levemente, como se estivesse a apagar uma vela de um bolo de aniversário. As folhas voaram em círculos indo para longe e cada vez mais alto, em direções diferentes e deixando aquele magnifico firmamento azul salpicado de branco. Abriu os olhos e deu um grande sorriso.
Carolina deitou-se na relva e virou lentamente o seu rosto angelical e frágil para o céu tentando descobrir formas e desenhos nas macias nuvens que se movimentavam lentamente naquela manhã ensolarada e morna de Primavera. Riu ao ver pássaros voando e piando, pareciam cantarolar uma maravilhosa e harmoniosa melodia que só ela podia ouvir.
A menina levantou-se enquanto inalava o cheiro delicioso e relaxante que vinha de um lugar distante misturado com o cheiro das flores selvagens daquele campo. Abriu bem os braços e começou a dar voltas e mais voltas até se sentir tonta, tentando lembrar-se de uma música que já tinha escutado num lugar que gostava muito. O seu riso preenchia o ar com tamanha pureza e alegria que alguns dos pequeninos animais se chegaram um pouco mais perto dela, só para admirar aquele pequeno espetáculo. Passarinhos, empolgados, rodeavam-na. Os seus pés pareciam flutuar à medida que dava passos graciosos e leves, como se estivesse num palco dançando alegre uma coreografia que aprendera numa das suas aulas de ballet.
Sentia-se livre, totalmente livre… Como nunca antes se sentira …
Enquanto rodopiava, sentiu as suas asas felpudas abrirem num rápido movimento. Um anjo… Ou melhor, uma “anja”. Um pesar enorme lhe recaiu quando, a pequena, se lembrou de onde tinha vindo. Olhou para o céu mais uma vez. Nunca o havia visto tão de perto, parecia até uma ilusão estar parada ali.
Normalmente, era proibida de descer ao mundo, mas desde que fugira de casa de seus pais e daquele pesado e assustador ambiente com o qual fora obrigada a conviver dezanove anos da sua vida começou novamente a sonhar!
 Apreciava cada momento e não se arrependia de ter desrespeitado regras.
O olhar pesado deixou-a e uma calmaria muito forte a invadiu. Há muito que queria ser livre e havia conseguido!
Começou a andar devagar, sem ritmo definido, mas com a esperança de um novo futuro.
Estava finalmente livre… Assim como as folhas do dente-de-leão que dançariam uma eterna dança na brisa suave.
Havia esperança!


Margarida Carlota Lagoa, O Ciclista

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dia Mundial da Neve

20 de janeiro de 2014


O pequeno floco de neve

Mais um dia, vejo o sol nascer e eu aqui na imensidão do oceano. Brinco deslizando preguiçosamente com as minhas irmãs e amigas, espraiando-me por entre corais e sentindo os peixes e as anémonas que nadam deliciando-se na limpidez da nossa frescura.
Gosto de deambular por entre os barcos dos humanos e ver os seus rostos queimados pelo sol e os seus cabelos esvoaçando ao vento. Ah! Como adoro sentir a braçada vigorosa dos que se aventuram e mergulham e nadam, ou fazem aquilo a que apelidam de surf.
Às vezes formo, com as minhas amigas, uma onda gigante e vou beijar suavemente a areia quente da praia, depois volto para longe da costa, onde me aventuro até aos fundos oceânicos, deixando-me depois deslizar lentamente para a sua superfície.
Mas, o que se passa?! O que é isto que estou a sentir?! Estou a afastar-me do mar… Estarei a voar?! Uau! Estou a sentir-me tão leve! Está tudo cada vez mais longe, mais alto, o oceano, a costa, as casas, as pessoas, tudo a ficar pequenino. Mas que bonito! Contudo, para onde estarei eu a ir?!
Ui! Terei eu batido em algo?
Uma gota, tal como eu ainda há pouco tempo … Mas agora encontro-me num sítio fofo e não tão agitado. Onde estou eu, afinal? E a fazer o quê?
- Estás numa nuvem. – respondeu-me a gota na qual eu tinha chocado. – Irás voltar lá baixo.
 Porém, depois desapareceu no meio das outras gotas e eu não pude fazer mais perguntas.
Sinto-me perdida. E já estou há muito tempo cá em cima, e cada vez chegam mais gotas e a nuvem com o vento viaja de lugar para lugar.
Ups! Está a ficar muito frio. Estou a sentir outra vez que estou a ficar tão estranha. Estou a deparar-me outra vez com transformações, mutações… estou novamente a ficar diferente…
De repente, como se algo me impelisse e sem que eu conseguisse evitar, começámos todas a cair e que frio que está! Voltei a voar e apesar do frio intenso, a paisagem era magnífica. O céu tinha um azul diferente do que eu me lembrava. Fui caindo, caindo, caindo tão suavemente, sem perceber muito bem o que me acontecera. Olhei, então, em volta de mim e vi o espetáculo que eu e as minhas irmãs e amigas fazíamos. Tínhamo-nos transformado em belíssimos flocos de neve.
Finalmente, decidi deixar-me cair sobre o branco tão puro e aliar-me às minhas colegas e ajudá-las a tecer o já imenso tapete de neve. Aqui só se vê crianças a brincarem com os seus cães e trenós, fazendo bonecos de neve. Adolescentes a fazer esqui. Que maravilha!
Afinal, todos os meus receios se dissiparam, pois nunca me senti tão realizada, feliz e confortável.

Adriana de Matos, O Ciclista


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Visita ao parque da Curia

Na passada terça-feira, dia 19 de novembro, eu e o Vicente fomos com a professora Delminda visitar o parque da Curia durante a aula de Educação Especial.
Primeiro fizemos uma paragem na estação de comboios, onde pudemos apreciar os azulejos pintados e o lindo parque de merendas ao lado, com as árvores cheias de folhas de outono. As árvores e até o chão!
Depois entrámos no recinto do Hotel Palace da Curia para ver os jardins, o lago dos cisnes e ouvir os passarinhos a cantar!...
A seguir entrámos no parque do Hotel das Termas!
Que lindo era aquele parque!
As folhas formavam tapetes fofos no chão que pisamos com muita alegria! Havia folhas amarelas, cor de laranja, castanhas com riscas amarelas, vermelhas e até roxas…
No parque visitámos o Hotel D. Carlos, o Hotel das Termas e a fonte.
O lago parecia um espelho que refletia as cores das folhas de outono e das gaivotas! E havia muitas gaivotas na beira do lago…
Algumas árvores já tinham poucas folhas, pareciam velhinhas…
A seguir demos uma volta pela Curia para ver outros locais de interesse: a avenida principal, o centro de Turismo, o Hotel Vila Rosa, o Grande Hotel e o antigo Hotel Boa Vista, já a caminho da Mata…
Foi um dia muito feliz! Até tirámos algumas fotografias para mais tarde recordar este belo passeio de outono!
Depois voltámos para a escola!
Gostei muito desta aula especial porque conversamos sobre a amizade e outras coisas! E falámos sobre o outono e as suas cores!





Trabalho realizado por Diogo Costa Gomes
(Com a colaboração da Professora de Educação Especial,
Delminda Leitão - Minda)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Visita ao Parque da Curia

Na terça-feira, dia 19 de novembro, na aula de Educação Especial, eu e o Diogo Costa Gomes fomos à Curia visitar o Parque das Termas e ver as folhas do Outono.
Fomos com a nossa professora.
Quando chegámos à Curia demos uma volta de carro para conhecer algumas coisas importantes: a estação do comboio, a avenida principal, as árvores e o centro de turismo.
A seguir entrámos no parque do Hotel Palace para ver os jardins, os faisões dourados e o lago dos cisnes. A professora disse que algumas cenas do filme “Equador” de Miguel Sousa Tavares foram gravadas neste lindo lugar.
Eu achei o Hotel muito bonito!
 Depois entrámos no recinto do Hotel Palace, contornámos a rotunda da avenida e entrámos no Parque das Termas.
 E que lindo estava o parque naquele dia!
O chão estava coberto de folhas das várias cores: amarelas, vermelhas, cor de laranja, roxas, castanhas… Quando caminhávamos em cima das folhas pareciam um tapete fofo que fazia “crac…crac…”!

Vimos ainda dentro do parque o Hotel de D. Luís, o Hotel das Termas, a fonte onde os doentes vão beber a água, os jardins do parque, o lago, as gaivotas à beira do lago, os patos, … 
 Demos uma volta a pé pelo parque para conversarmos e para admirar tudo o que estava à nossa volta: as árvores, os passarinhos a cantar, o repuxo do lago, as folhas…
Tirámos fotografias a rir. O meu amigo Diogo também estava contente!
 No fim entrámos no carro e saímos do parque para ver outras coisas da Curia: a Vila Rosa, o Grande Hotel e o Hotel Boavista que já está muito velhinho e precisa de obras.
Depois acabámos o passeio e voltámos para a escola!

Trabalho realizado por Vicente Miguel Gama
(Com a colaboração da Professora de Educação Especial
Delminda Leitão  - Minda)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dia de Reis

Dia de Reis é dia de comer bolo Rei! E marca a data em que terminam as célebres e tradicionais Janeiras. Cantadas de porta em porta por grupos que vão desejar aos seus residentes um feliz ano novo.
Em Espanha, é um dia muito importante, particularmente para as crianças pois é o dia de receberem os presentes natalícios.
Os franceses, por sua vez, também têm a sua “galette des rois”, uma deliciosa sobremesa já à venda nos comércios portugueses para que os nossos ex. emigrantes “matem” saudades desse país que tão bem os acolheu.
Mas, acerca deste dia, conta a lenda que este marca o dia da chegada dos três Reis Magos junto do menino Jesus. Muito embora possa não ter sido exatamente este o dia em que os três magos chegaram e fizeram a oferta dos seus presentes, os quais vamos aqui relembrar: ouro, incenso e mirra.
Para todos um feliz Dia de Reis!
Para os nossos alunos desejamos, ainda, um feliz regresso à escola, claro que para os mais pequeninos é aos infantários!




Graça Matos, O Ciclista

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio da Silva Ferreira

Faleceu, a três semanas de completar 72 anos de idade, aquele que para muitos foi o melhor futebolista português de sempre. Eusébio, com um historial de problemas clínicos, tinha sido sujeito a vários internamentos nos últimos anos, acabou por sucumbir a uma paragem cardiorrespiratória na madrugada deste domingo.
Nascido a 25 de janeiro 1942, em Lourenço Marques, atual Maputo, Eusébio chegou ao Benfica em dezembro de 1960. O Pantera Negra, como ficou conhecido, não chegou a tempo de participar na campanha europeia que levou o Benfica à conquista do primeiro título europeu, em 1961. Contudo, um ano depois com a sua capacidade e destreza, marcou dois golos na final com o Real Madrid e ajudou à glória da equipa benfiquista que conquistou, deste modo, o bicampeonato.
As suas extraordinárias exibições elevaram-no à categoria de futebolista europeu mais influente da década de 60, estatuto que confirmou com a presença inesquecível no Mundial de 1966. Os nove golos marcados deram-lhe a coroa de melhor marcador e levaram Portugal a um inédito terceiro lugar.
Em quinze épocas no Benfica, Eusébio conquistou 11 títulos de campeão, sendo sete vezes melhor marcador do campeonato. Durante 13 anos representou a seleção nacional, ao serviço da qual marcou 41 golos em 64 internacionalizações. Nas várias competições nacionais em que participou (Campeonato, Taça de Portugal, Taça de Honra, Taça Ribeiro dos Reis e Campeonato de Reservas) e internacionais (Taça dos Campeões Europeus, outras competições europeias e torneios internacionais), Eusébio marcou 596 golos em 557 jogos, com a média de 1,07 golos por desafio.
Por Portugal, entre outubro de 1961 e outubro 1973: marcou 41 golos em 64 jogos, com a média de 0,64 golos por desafio, divididos pelas várias competições (apuramento e fase final de Mundiais e Europeus e encontros de preparação).
Em 1962 e 1966 venceu a "Bola de Prata" da revista France Football para segundo melhor futebolista na Europa. Na época de 1963/64 foi considerado o melhor marcador do Campeonato Nacional, com 28 golos.
Em 1965 venceu a "Bola de Ouro" da revista France Football para melhor futebolista na Europa.
Em 1966 vence a Medalha de Prata da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1967/68 e 1972/73  vence a "Bota de Ouro" para melhor marcador europeu.
Em 1981 é-lhe atribuído o Grande Colar do Mérito Desportivo.
Em 1990 é-lhe atribuído o Grande Colar de Honra ao Mérito Desportivo.
Em 1992 - Ordem do Infante, Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, Estátua em bronze à entrada do Estádio da Luz.
Em 1994 - Ordem de Mérito Federação Internacional de Futebol.
Em 1998 - Membro inaugural do "Galeria dos Campeões" (Hall of Champions) da FIFA, em conjunto outras oito glórias do futebol mundial.
Em 2000 - Terceiro melhor futebolista do Século XX para a FIFA, a seguir a Pelé (Brasil) e Maradona (Argentina).
Para além de muitos outros.
O governo português decretou três dias de luto, domingo, segunda e terça-feira pela sua morte.
O Ciclista presta uma última e singela homenagem a este embaixador não apenas do futebol, mas do desporto em geral. Que todos os nossos jovens lembrem para sempre a sua força, coragem e dedicação numa causa que abraçou com agrado e glória.
Até sempre Eusébio!


A Equipa d’O Ciclista

Carta da macieira ao jardineiro


sábado, 4 de janeiro de 2014

Dia Mundial do Braille


Foi-nos pedido que redigíssemos um texto sobre o Dia Mundial do Braille que se celebra hoje, dia 4 de janeiro. Este pretende, acima de tudo, chamar a atenção para os problemas das pessoas que são invisuais.
Louis Braille, que ficou cego aos 3 anos de idade, foi professor e compositor. Compôs livros para facilitar o ensino e elaborou, com Foucault, um novo alfabeto para cegos, também aplicado à música, à estenografia e ao cálculo, modificando preponderantemente a educação dos mesmos.
Vamos, então, apresentar-vos a história que decidimos criar. 

Invisual não incapaz

Senti ternamente a felicidade da minha mãe. Depois, escutei-a delirante ao dar a notícia ao meu pai. Como ele ficou também emocionado! Pegou nela e rodopiou-nos aos dois no ar e, por fim, decerto exausto pelo esforço, lá acabou por nos deitar no relvado do jardim que circundava a nossa casa e acariciar a barriga onde eu ainda nem sequer me fazia notar.
Os meses foram passando tão rapidamente que me vi no sufoco da saída para o exterior. Pois, o sofrimento também é nosso!
Havia algo de estranho. Falavam de cores, de muitas cores. Mas eu não as conseguia ver.
A mãe? O pai? Escutava-os. Sentia-os. Mas não os via. Eu bem tentava abrir os olhos. Tinha-os aberto. Ou não?! Sim, claro que tinha! O que se passava com eles? Porque não os estava a ver?
A minha mãe decerto que iria falar com o meu pai e ele ia ‘consertar’. Lembro-me de por vezes ela dizer: “Amor, está uma torneira a pingar” e, logo de seguida, ele ia arranjá-la. Portanto, para quê incomodar-me? O papá ia-me, com toda a certeza, ‘consertar’!
A médica pediatra, como lhe chamaram, que me veio ver, disse aos meus pais que precisava de falar com eles. Senti que eles ficaram muito agitados. Porque seria?
- Sabem… - começou a pediatra. – o vosso filho é um bebé saudável.
- Por favor, - disseram os meus pais em simultâneo. – diga-nos o que se passa.
- Com certeza! O vosso bebé nasceu com uma deficiência visual.
- O que é que significa? Estará a dizer-nos que é cego? – ouvi o meu pai a questionar.
- Sim. E, infelizmente, não podemos fazer nada.
Senti, então, a minha mãe levantar-se e pegar em mim ao colo.
- Sabes, meu amor, és o ser mais maravilhoso e perfeito que eu já vi em toda a minha vida. És fruto do amor de duas pessoas que vão cuidar de ti e fazer de ti um homem fantástico, capaz de vencer barreiras.
Senti a força daquelas belas palavras percorrerem o meu pequeno corpo como se um fogo alastrasse pelas minhas veias e as mãos fortes do meu pai, que se juntaram a esse abraço, e isso foi tudo o que eu precisei para compreender que a visão, ou a sua falta, era apenas um pormenor.
Cresci rodeado dessa força que os meus pais e depois também a minha irmã, dois anos mais nova, me deram e continuam a dar.
Aprendi o alfabeto Braille, o que facilitou bastante os meus estudos, era a minha forma de ler, de estudar, de sonhar. Aliás, de sonhar com um futuro em grande como sempre me ensinaram os meus pais, a mim e à minha irmã.
O Braille abre-me fronteiras extraordinárias que me permitem ir cada vez mais longe. A busca do conhecimento tornou-se parte de mim e eu sou feliz.
Atualmente estou a estudar engenharia eletrónica. Na realidade, já estou a fazer o estágio numa empresa e eles pretendem ficar comigo, pois gostam muito do meu trabalho. E eu estou a adorar!
Dizem que um invisual de nascença desenvolve outras capacidades, nomeadamente o sentido auditivo. Talvez tenha sido esse que me tenha levado a estar tão atento a todos os pormenores desde o dia que nasci.
Nunca me esqueço do que os meus pais me disseram naquele dia no hospital: que eu iria ser capaz de vencer barreiras. Penso que não sou só eu. Mas todos nós!

Adriana Matos e Sofia Pedrosa, O Ciclista